Alguma vez se interrogou sobre o que significa ser um/a cidadão/ã intercultural?
Criámos o Teste de Cidadania Intercultural, para poder saber mais sobre cidadania intercultural. Para além de testar o seu nível de cidadania intercultural, este teste também permite alimentar a reflexão e disponibilizar materiais relevantes. Aqui não existem respostas certas ou erradas, não estamos a tentar fazer uma avaliação. Esperamos que este teste seja uma fonte de reflexão e que se divirta a aprender mais sobre si durante o processo.
Algumas dicas antes de começar:
Para navegar pelo teste, desloque a página para baixo para ver a pergunta a seguir à imagem e alterne entre as perguntas através dos botões Seguinte ou Anterior.
Depois de cada pergunta, certifique-se de que toma nota das ideias e sugestões que lhe deixamos, incluindo links para outros recursos, para dar seguimento, caso tenha interesse.
A identidade de uma pessoa depende, essencialmente, das suas escolhas e não da descoberta de um atributo imutável.
- Amartya Sen -
O que faz com que seja a pessoa que é? O seu sexo, identidade de género, educação, ocupação profissional, local onde vive, língua(s) que fala, passaporte, cor da pele, religião? Estes elementos têm maior ou menor importância dependendo do local onde se encontra, das pessoas com quem está e das diferentes etapas da vida. Custa quando alguém insulta uma parte da sua identidade. Respeitar a sua própria identidade e a das outras pessoas é um imperativo moral e um elemento essencial para viver em diversidade.
A maioria das nossas comunidades é moldada por pessoas que, em algum momento, mudaram de uma zona rural, de outra cidade ou de outro país. Pense, por exemplo, em comida, música, arquitetura ou arte. Irá provavelmente encontrar muitos bons exemplos próximos de si.
A história única cria estereótipos. E o problema com os estereótipos não é eles serem mentira, é serem incompletos. Fazem com que uma história se torne na única história.
- Chimamanda Ngozi Adichie -
É normal recear aquilo que não nos é familiar. A única forma de conquistar este medo é tornar familiar aquilo que não é familiar, através da aprendizagem, da descoberta e da compreensão. Os/as seus/suas amigos/as já foram estranhos/as para si; e talvez até nem tenha gostado de alguns/algumas no início. Se, instintivamente, se afasta de pessoas que têm uma aparência diferente ou uma língua, religião ou interesses diferentes, tente conhecê-las. Talvez se tornem suas amigas um dia.
4/18 - Gosto de conhecer pessoas de origens diferentes (origens migrantes, mas também as que vêm de uma região diferente ou têm uma origem socioeconómica diferente).
Se gosta de conhecer pessoas de origens diferentes, continue assim e tente convencer outras pessoas a sentir o mesmo. Também é normal caso se sinta desconfortável ou tenha receios. Tentar encontrar algo em comum com pessoas de origens e antecedentes diferentes pode ser um primeiro passo para criar ligações fortes. As interações positivas criam os alicerces da sociedade. Tem alguma sugestão sobre como contribuir atualmente para uma interação positiva?
Nem todos nós podemos (ou queremos) ser o tipo de vizinho perfeito que bate à porta com um bolo de boas-vindas. Apesar de não haver qualquer problema nisso, devemos sempre tentar tratar as pessoas recém-chegadas com respeito e uma atitude acolhedora. Certamente já passou por situações em que era o elemento novo num local de trabalho, escola, cidade ou grupo. Consegue reconhecer que ações fizeram com que se sentisse parte integrante e bem recebido/a no seu novo contexto? Se apreciou esse gesto, outras pessoas podem sentir o mesmo.
As cidades sempre foram locais de encontro para pessoas de origens diferentes. Através disso, tanto as cidades como os/as cidadãos/ãs experienciaram a vantagem da diversidade. É provável que tenha amigos/as de diferentes origens e nem se tenha apercebido. Isso significa que tem uma mentalidade intercultural, porque a diversidade é perfeitamente normal para si. Se for uma exceção, isso pode significar que existe segregação na sua cidade e que barreiras como o preconceito e a desigualdade impedem as relações interculturais. O que pode fazer na sua cidade para derrubar esses muros?
Votar não é só um direito nosso, é o nosso poder. Quando votamos, recuperamos o nosso poder de escolher, de nos pronunciarmos e de estar ao lado daqueles que nos apoiam mutuamente.
- Loung Ung -
Se sabe a resposta, muito bem! Poucas pessoas sabem. Muitas vezes, tomamos a democracia como um dado adquirido, mas foram precisos muitos séculos e conflitos para construir a sociedade democrática. Ainda assim, a nossa democracia é imperfeita na medida em que exclui determinadas pessoas. É justo que algumas pessoas vivam, trabalhem, paguem impostos, estudem ou consumam num local, mas não tenham voz ativa no que se refere à forma como a cidade é gerida?
8/18 - A câmara municipal é heterogénea o suficiente? Conhece X membros da sua câmara municipal que representam diferentes grupos (étnicas, religiosas, linguísticas, de género, de orientação sexual, de idade)?
Se não sabe o quão heterogénea é a sua câmara municipal, deve ser fácil descobrir. Se uma câmara municipal for o reflexo da heterogeneidade da comunidade, isso sugere que o processo político é aberto e inclusivo. Também significa que há mais possibilidade de os interesses e necessidades de todas as pessoas serem considerados, o que traduz uma garantia de equidade, estabilidade e prosperidade.
É lógico que as pessoas devem poder votar na cidade em que vivem. Infelizmente, nem sempre é este o caso para quem tem uma nacionalidade diferente. Isto significa que algumas pessoas não têm voz e podem ser ignoradas pela classe política, tendo, assim, menos oportunidades para influenciar os respetivos ambientes. A longo prazo, e com cada vez mais pessoas nesta situação de exclusão, a estabilidade e a confiança social ficam comprometidas, o que prejudica toda a gente.
10/18 - As pessoas que não partilham das minhas origens étnicas/religiosas/linguísticas, do meu género ou da minha orientação sexual não podem representar-me fielmente na esfera política.
Porque não? Se alguém tem uma orientação sexual diferente da sua, isso não significa que não possam partilhar os mesmos valores políticos. Enquanto estudante, pai ou mãe, colega de trabalho ou utente dos parques locais, pode ter muito em comum com pessoas de uma religião diferente, ou sem religião, e pode partilhar os mesmos pontos de vista em matéria de direitos laborais com pessoas que têm uma língua materna diferente da sua. Por vezes, prestar atenção ao que têm em comum e não às diferenças poderá abrir toda uma nova perspetiva.
11/18 - Quando crio um grupo para um projeto (no trabalho, na escola, no meu clube local, etc.), tento incluir ativamente pessoas de diferentes origens culturais/étnicas/religiosas no mesmo.
Todas as pessoas podem contribuir para que toda e qualquer pessoa se sinta parte integrante do seu local de residência. O sentimento de pertença é um processo recíproco. Infelizmente, é fácil excluir as pessoas recém-chegadas na escola, no trabalho ou nas atividades sociais – é sempre mais fácil falar com quem já conhecemos. É preciso fazer um esforço para incluir pessoas novas, já que isso representa muito para elas e contribui para uma cidade feliz.
12/18 - Há uma pessoa nova no meu bairro/na minha turma/no meu trabalho que não fala a mesma língua que eu. Faço um grande esforço para comunicar com ela.
A comunicação é a chave de qualquer relação. Através da comunicação, compreendemo-nos mutuamente, conhecemo-nos uns aos outros e criamos um sentimento de pertença. Certamente já fez uma viagem e passou por situações em que não tinha forma de comunicar. E já se sentiu grato/a quando conseguiu que alguém encurtasse a distância na sua tentativa de se fazer entender. Apesar de a comunicação sem uma língua comum poder ser complicada, até um pequeno gesto pode fazer uma grande diferença. A prática leva à perfeição!
O princípio intercultural da igualdade defende que todas as pessoas, independentemente da sua situação administrativa, devem ter o direito de aceder a serviços básicos, como a saúde ou a educação. Apesar de a regulamentação local variar, os direitos humanos fundamentais aplicam-se a todas as pessoas. Num plano internacional, seria considerada a inclusão, por exemplo, do direito a cuidados de saúde urgentes. Se não sabe em que situação se encontra a sua cidade, a quem deveria perguntar para saber? Em muitos locais, existem organizações que trabalham para dar assistência às pessoas em situações mais vulneráveis.
O princípio intercultural da igualdade refere-se ao acesso e pleno gozo dos direitos e liberdades por parte de todas as pessoas, independentemente do seu sexo, origem, orientação sexual, idade, etc. Este princípio é muitas vezes posto em causa quando se trata de pessoas migrantes sem título de residência. No que se refere à educação das crianças, o seu direito fundamental à educação deve prevalecer, independentemente da sua situação administrativa. Garantir o acesso à educação das crianças é uma obrigação internacional, mas também constitui um benefício para a sociedade de acolhimento como um todo. Se não sabe em que situação se encontra a sua cidade, a quem deveria perguntar? As escolas e a cidade fornecem informações sobre o direito de acesso à educação?
15/18 - Tenho empatia por pessoas de diferentes grupos (género, cultura, etnia, religião, idade) que sentem que estão a ser tratadas de forma desigual.
Porque é o nosso olhar que aprisiona muitas vezes os outros nas suas pertenças mais estreitas e é também o nosso olhar que tem o poder de os libertar.
- Amin Maalouf -
O princípio intercultural da igualdade requer um compromisso firme contra a discriminação por parte de todas as instituições, mas também é essencial sensibilizar toda a população e fomentar a empatia perante qualquer tipo de discriminação.
No mundo atual globalizado, algumas pessoas receiam que a sua identidade nacional (ou local) se perca. O desejo de preservar a própria “identidade”, por si só, não constitui um problema. O problema surge quando a própria identidade se torna uma ferramenta para a exclusão e a marginalização de outras pessoas (e, de certa forma, provocando sentimentos e comportamentos reacionários, nativistas e discriminatórios). Para proteger uma convivência pacífica, podemos em conjunto pensar em formas de trabalhar contra o isolamento, a exclusão e a discriminação. A sua cidade e o seu bairro podem ser uma excelente oportunidade de conhecer e celebrar diferenças, mas também de identificar e lutar por objetivos comuns enquanto sociedade, tirando partido da diversidade. É precisamente este o objetivo do interculturalismo: construir pontes e quebrar barreiras.
17/18 - Intervenho se uma pessoa for tratada de forma injusta num espaço público por ter uma cor da pele, religião, identidade de género, orientação sexual ou aparência diferente.
O preconceito é uma cadeia, pode manter-te preso. Se tiveres preconceitos, não te podes mexer, guardas o preconceito durante anos. Nunca chegas a lado nenhum com isso.
- Bob Marley -
A integração intercultural requer um esforço da sociedade como um todo; não é da responsabilidade exclusiva de quem vem de fora ou pertence a determinadas minorias. É um processo recíproco. Adotar uma atitude proativa a um nível pessoal na nossa vida diária é importante para incentivar uma interação positiva entre pessoas com perfis e origens diferentes.
18/18 - Apoio ativamente a igualdade de participação de pessoas de diferentes origens em diversas ocasiões sociais (p. ex. processos de tomada de decisão e debates/eventos públicos).
Não aceito mais as coisas que não posso mudar. Mudo as coisas que não posso aceitar.
- Angela Y. Davis -
Construir sociedades coesas e interculturais não é apenas uma questão de políticas públicas, também recai na responsabilidade individual de criar interações positivas que capacitam as pessoas recém-chegadas. Ao apoiar uma participação heterogénea, podemos fazer com que a voz de todas as pessoas seja ouvida, abrindo a sociedade e construindo um sentimento comum de pertença.
Agradecemos a sua resposta ao Teste de Cidadania Intercultural!
Como correu? Tem sugestões para fazer com que as pessoas recém-chegadas se sintam acolhidas e interajam com a população local? As suas ações não precisam de ser gestos grandiosos – pequenos passos podem ser grandes avanços. A sua resposta a este teste é um bom ponto de partida para a sua viagem intercultural. Continue a construir pontes e a quebrar barreiras connosco!
A identidade de uma pessoa depende, essencialmente, das suas escolhas e não da descoberta de um atributo imutável.
Saiba mais sobre a Convenção Europeia dos Direitos Humanos aqui.
